Medievalismo Pós-Moderno
Acho oportuno o momento para expressar minha opinião sobre o aborto. Já que, se para alguns é impossível a vinda de deus ao Brasil, para uma boa parte da população mundial, ele mandou seu mais legítimo representante às nossas terras essa semana. E é inegável a importância daquilo que sai de sua boca papal, creio eu, não só para os adeptos mais praticantes do catolicismo, mas também ao resto da nossa civilização. Digo isso, pois sei o quanto nos esforçamos para derrotar a cada dia o demônio dos medos e das culpas infernais que já há séculos fizeram e ainda fazem morada nas nossas profundezas inconscientes.
O sujeito Ratzinger, traz consigo uma mente brilhante e um pesado sistema filosófico herdado de São Tomás de Aquino. Pesado e Medieval. Seu objetivo, devo admitir, é tão anacrônico para mim quanto para a ideologia dominante, porém por razões distintas. O papa quer cordeiros obedientes para seu decrescente rebanho, já o mercado quer “expandir negócios”, nem que seja às custas da introdução e reprodução de novos e antigos valores que reafirmem ou pelo menos não neguem a ideologia mercadológica. A diferença está na crença do papa de que isto seja a “relativização dos verdadeiros valores”, dos “valores cristãos”. Analiso essa situação da seguinte forma: O papa não quer que a igreja faça concessões ao mercado e por outro lado, como a religião sempre fez historicamente, faz menos concessões ainda à liberdade dos homens.
De um lado reafirma as verdades postas cheias de pecado e medos infernais do cristianismo tomista e por outro tenta isolar o catolicismo do ideal pós-moderno, onde tudo é mercantil e tudo é mercantilizável. O que sua cabeça cheia de razões legitimadoras de medos não vê com clareza é que não existe relativização de nada. O que existe é uma verdade absoluta velada na própria relação entre o capitalismo e seus meios de se adaptar às suas crises cíclicas. Em outras palavras, o mercado precisa se expandir senão entrará em colapso. E os meios de se expandir e se adaptar para sobreviver levaram o sistema a flexibilizar valores antes rígidos ou mais rígidos. Bons exemplos para ilustrar a idéia são: a aceitação social cada vez maior do divórcio, do sexo antes do casamento e até da homossexualidade. Vejo isso com bons olhos. São necessidades e condições humanas legítimas que apesar de contrariarem as convicções religiosas ocidentais conservadoras, tiveram de ser abarcadas por uma necessidade de mercado. Mostrando assim a fragilidade do sistema capitalista, e um pouco da vitória dos liberais sobre os mofados conservadores nazistas. E o papa aparece, a meu ver, como um ponto de resistência dessa nazistada.
E bons sabedores de história que somos, sabemos que liberais sozinhos já tropeçam nos próprios cadarços que acreditam não existir.
Bem, eu queria falar sobre o aborto. Sou contra abortar, mas sou a favor da legalização. É simples, primeiro que proibir é marginalizar, é distanciar socialmente as pessoas que cometem o aborto sem que possamos, enquanto sociedade, acolher e conhecer melhor suas razões, segundo, ao contrário do papa, acredito nas pessoas e sei que se criarmos condições para que ninguém tenha ao menos um argumento para abortar, não haverá aborto e, por conseguinte, tão pouco um único argumento que legitime a necessidade da proibição.
Me encontro bastante otimista, apesar de saber que ainda há muita força no medo e na culpa apregoadas em nossas mentes juvenis.
sexta-feira, 11 de maio de 2007
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4 comentários:
A questão é: Quando começa a vida? E ainda que não se tenha nascido, se há vida, este já não teria direito a usufruir da mesma? E a quem cabe decidir se ele merece ou não viver?
O Direito á vida é indisponível... não cabe á você ou a mim decidir qual será o futuro de uma pessoa.
À primeira pergunta, humildemente respondo: Não sei.
Ao segundo comentário, digo: é verdade, não cabe.
Amor!
colocou seu texto aqui!
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Lindo
e nem mudou!
doido
te amo emso assim!
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