domingo, 21 de março de 2010
O Mundo Foi Feito de Samba
Muito tem se falado ao longo destes últimos anos no tal do aquecimento global. A grande mídia vem em campanha maciça em tom severamente apocalíptico nos alertar sobre as conseqüências do acúmulo presente e em progressiva expansão de gases do efeito estufa, principalmente o CO2, advindos da produção e estilo de vida humanos adotados principalmente da metade do século dezenove até os dias atuais. O que mais me chama atenção no que chega até meus ouvidos pelo que é dito por “especialistas” de toda espécie e pela gente que já forma o senso comum do novo paradigma ecologista deste início de século, e o foco pelo qual é tratada essa questão. Somos bombardeados diariamente pelas obrigações do “ecologicamente correto” do “ecossustentável” e do termo que convier ao momento. Somos moralizados à força pela culpa do desperdício e pelo consumo selvagem e predatório que somos responsáveis da hora que acordamos à hora que dormimos e inclusive durante o sono.
Hoje as crianças já são adestradas desde a infância nos bancos escolares que devemos amar e respeitar a natureza, os golfinhos, as baleias, os leões, os elefantes, as morsas, as plantas, as flores, os rios e tudo mais que representa aquilo que estamos acostumados a chamar de ecossistema. São obrigadas a decorar que todo aquele que pratica o desperdício, promove a destruição e poluição deve ser condenado e repreendido. Porém há algo de muito estranho e contraditório neste novo senso comum que se cria imperativamente. Para ele o “homem” (genérico mesmo) é o vilão neste crime secular. E a simplificação dos fatos sempre foi o recurso mais habitual pra quem tem interesse em distorcê-los. Se a água limpa do mundo está acabando, fácil, fechemos a torneira, tomemos banhos menos demorados. Se os lixões contaminam o solo, fácil, separemos nosso lixo. Se a energia polui, fácil, compremos um aquecedor solar. Se usamos produtos que ficam milênios na natureza sem se decompor, fácil, utilizemos sacos de pano biodegradáveis, camisas feitas de PET, usemos só copos de vidro, verifiquemos se a madeira tem a procedência correta e por aí vai... Mas não é tão simples assim.
De fato o que nos chega é uma verdade bem conveniente aos interesses do capital e de seus defensores. Só usamos em nossas casas 5% da água, o resto é usado completamente no processo produtivo, ou seja, é responsabilidade total da grande indústria. A maior parte da degradação do solo e da poluição dos rios é feita pela mesma indústria como é o exemplo da psicopática empresa de Celulose do Espírito Santo. Nós, seres individuais temos uma ínfima parcela de responsabilidade pelo aquecimento global. Esse “homem”, genérico, responsável e abominável vilão da destruição do planeta não sou eu e nem é você. É o grande capital, é o sistema que extrapola o âmbito individual de ação. Devemos sair da posição de vilões individuais e partir para a de senhores dos nossos destinos aqui na terra enquanto humanidade. Essa idéia que se dissemina nos meios mais ecochatos de que somos um fardo para o planeta, um vírus maléfico, uma praga devastadora é o pior mal que fazemos nessa situação, para nós e para o ecossistema.
Temos que ter em mente principalmente e desmistificar também a idéia da frágil natureza refém da humanidade. Se o fim do mundo de fato ocorrer, esse fim só será fato para nós humanos. A natureza, essa entidade maternal que idealizamos, em verdade, não se importa nem um grama sobre o que fazemos, sobre o acúmulo de CO2 ou a poluição ou o fim das geleiras da Antártida. A natureza não dá a mínima para nós ou para o “aquecimento global”. Ela se adaptará. Nós não. Os golfinhos não estão nem aí. As baleias não dão à mínima. As morsas se alienam. As espécies de plantas e animais que morrerem darão lugar a outras que se adaptarão. O ecossistema tende ao equilíbrio. Varre o que não serve e bota aquilo que for melhor para a vida no lugar, sem sentimentalismo.
A maior riqueza que temos em risco de uma possível perda é a subjetividade. O humano. O grande ouro que guardamos em nossa humanidade é a nossa capacidade de criarmos e sermos criados por isto, a subjetividade. Nós somos os grandes e únicos expectadores do mundo. O que corremos o risco de perder e por isso que devemos lutar com todas as forças é a poesia. O que temos de mais valioso é a herança que nos fundou enquanto seres que reconhecem a si próprios e o mundo de forma a olhá-los e criá-los de acordo com suas construções, desejos, razões, instintos e angústias. Somos nós que enxergamos a beleza e empregamos valor às plantas, às árvores, aos golfinhos, às baleias, às morsas, às geleiras, ao azul do céu e a tudo mais. (O azul, por exemplo, só existe em nossos olhos humanos, o céu, em sua realidade própria não é azul.) Essas coisas estarão aí, com outras formas e cores, mas nós poderemos não estar para lhes dar novos nomes. Somos nós a alegria do mundo, pois o sentido de alegria só passou a existir conosco. Somos nós que trazemos o sentido à vida e à natureza, pois a razão se basta a si mesma. Nós descobrimos/criamos o mundo e ele só o é por nós, homens (e mulheres obviamente) em nossa condição objetiva, e somos humanos construídos e construtores em nossa subjetividade.
A nossa extinção é a extinção da literatura, é a extinção da arquitetura, da filosofia, da música, da ciência, da razão, do pensamento, dos séculos e séculos de conhecimento, descoberta e criação que são patrimônio nosso e do universo. Imaginem um mundo sem Shakespeare, sem Da Vinci, sem Mozart, sem o samba! Sem a beleza da poesia! Não devemos salvar as baleias. Devemos lutar para que as baleias não nos percam. O mundo não pode ficar sem nós. Senão não terá a menor graça.
Bruno Dutra Leite
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Ventura
Sigo meu destino. Minha ventura pelo mundo.
Meu coração já não me pertence.
Mora em lugar que ainda não conheço.
Solitário em minha montaria bela e bravia.
Saio errante com a força que nunca me havia.
Com a potência que não me sabia existir.
Sou forte e sozinho pelo andar dos caminhos.
Mas sei que, ao sair das sombras de meu castelo,
Posso não encontrá-lo meu em meu retorno.
Passo o risco de perder minha rainha e princesa.
A consciência de tal imagem me é inevitável.
Mais inevitável é a premência de minha partida.
Parto e busco o que nunca vi. Pelo meu castelo.
Pela minha rainha e pela minha princesa.
Pelo meu reino que empunho a espada.
Pelo meu povo que me lanço no nada.
Por mim que um dia retornarei comigo.
sábado, 7 de novembro de 2009
Novo/Velho Imperialismo
“Nunca na história deste país” esta mesma frase foi tão repetida por um presidente. Até nos períodos onde houve saltos ainda maiores de desenvolvimento capitalista, as autoridades não se viram tão impulsionadas a usá-la com tal freqüência e, provavelmente, com tal certeza.
O Brasil, apesar de já ter passado por fases mais aceleradas de crescimento capitalista, que é comumente medido pela taxa de crescimento do PIB, chega hoje a um patamar único em sua história em termos de poder econômico do Estado e das empresas por ele abrigadas. Esse poder se materializa numa nova posição que este estado ocupa no cenário mundial. Uma posição que cada dia se mostra mais desatrelada aos interesses do imperialismo americano, ou do das potências do eixo tradicional dos países desenvolvidos. Como vemos ao constatar que o Brasil passou de dependente devedor a, até mesmo, credor do FMI, por exemplo.
Não que o estado brasileiro esteja rumando em direção à independência em relação aos interesses do Capital, pelo contrário, cada vez mais se torna parte integrante destes interesses. O Brasil passa então a fazer parte do imperialismo como mais uma potência capitalista.
Os sintomas deste novo paradigma estão se tornando cada dia mais claros com o desenrolar dos acontecimentos. Há uma série de fatores com os quais somos obrigados a dialogar. A criação do acrônimo BRIC pelo economista Jim O'Neill teve por base projeções feitas em 2001 que determinavam quais países teriam o maior potencial de crescimento para ultrapassarem até 2050 as potências do atual G6. E de fato, neste período foram estes mesmos países que apresentaram um crescimento mais sólido e contínuo. Só que ele não projetou que essa escalada de crescimento seria tão rápida como realmente foi. Hoje a projeção mais aceita é de que até 2020 o Brasil esteja entre as 5 maiores economias do mundo.
Embora dentro dos BRIC’s o Brasil, em termos econômicos, esteja ainda atrás dos outros, ele representa o 8º maior PIB do mundo e, por incrível que pareça, entre os BRIC’s, apresenta os melhores indicadores sociais, o que para as potências tradicionais o torna ainda mais apto a ocupar posto de país do primeiro mundo. E de fato, mesmo se tomarmos o critério social para determinarmos o grau de desenvolvimento de um país veríamos que a superpotência global, o país que concentra boa parte das riquezas produzidas no mundo, os EUA, concentram uma população de pobres e miseráveis enorme se compararmos com as dos países desenvolvidos europeus. Desenvolvimento capitalista é isso: miséria e opulência. E por mais que o senso comum ache diferente, o desenvolvimento humano não está em relação necessária com o desenvolvimento capitalista. Por mais desenvolvido que um país hoje se torne, a pobreza será sempre parte de sua realidade. Portanto, o critério social por si somente não é o que define o grau de desenvolvimento de um estado, mas sim sua capacidade de apoiar a classe que o gere, e no caso, a classe burguesa.
Mesmo que o capitalismo seja global, a burguesia e o proletariado sejam classes globais, os estados nacionais são as arenas onde a luta de classes é controlada e reprimida pela classe dominante. No cenário do capitalismo global cabe aos donos do Capital o fortalecimento de seus instrumentos de intervenção para melhor atender aos seus interesses no mercado mundial. Interesses que se refletem na expansão dos mercados para além das fronteiras nacionais. Por isso, o critério mais válido para a detecção do grau de imperialismo de um país é a relação exportação/importação de Capitais, ou seja, o tamanho do montante de Capitais a serem investidos que sai do país e o quanto entra de investimentos estrangeiro. Somente alguns países estão no rol dos que exportam mais Capitais que importam, justamente os países imperialistas e que o Brasil agora faz parte.
As fusões entre multinacionais brasileiras elevaram seus poderios no mercado global juntamente com a intervenção destas e das já existentes em outros mercados onde ainda há espaço para expansão e onde as empresas locais não tenham a capacidade de competir. E onde há tal capacidade, ou um potencial de competição com a empresa local, o Brasil tem tratado de intervir em favor das multinacionais brasileiras. Como no caso do empréstimo contraído pelo governo argentino junto ao BNDES para expansão do metrô de Buenos Aires sob a condição de a obra ser feita pela Odebrecht, uma empreiteira brasileira. E como este há diversos outros exemplos onde houve intervenção do estado brasileiro ou de seus órgãos em favor dos interesses da burguesia que domina este mesmo estado.
Cabe a nós, marxistas, revolucionários comprometidos com a libertação da humanidade sabermos enxergar a realidade e para isso temos a melhor ferramenta de todas: o materialismo-histórico-dialético, que se bem usado é capaz de nos posicionar no caminho possível para alcançarmos o objetivo final dos revolucionários. E para tanto devemos ter em mente que a luta contra o imperialismo, hoje ganha um novo significado, uma nova imagem que perpassa à do Tio Sam e das velhas palavras de ordem antiamericanas e de simplória subserviência brasileira. Lutar contra o imperialismo hoje no Brasil é lutar por dentro dele. É vê-lo de perto e não se deixar confundir quando se mostra o desenvolvimento em alguma área de nossa sociedade. O desenvolvimento veio e virá cada vez mais pujante. Conviveremos com uma riqueza maior, mas a pobreza, que é inerente ao sistema persistirá.
E com isso deveremos saber que bandeiras serão as nossas sem cairmos na contradição, como quando defendíamos o “fora FMI” e fomos pegos de surpresa quando a dívida externa deixou de ser problema, então nos calamos como se nunca antes tivéssemos defendido isso e de forma tão veemente. Essa foi uma das inúmeras provas de nossa debilidade no uso da dialética como método de análise da realidade. Por isso se faz necessário que deixemos nossas preconcepções e dogmáticas esquerdistas de lado e aprendamos a enxergar essa realidade nova e determinante que se apresenta.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
É pequeno agora
Dias passam sem que haja
Ao menos uma forma de
Não demonstrar a real
Igualdade entre os termos.
Teríamos mais coisas a dizer.
Estaríamos como antes.
Agora tudo falta.
Muito do que era já não é,
O que fora já se foi.
Mas ainda resta o que
Um dia fora forjado e
Impresso em ouro.
Talvez sob a couraça
Onde se esconde o peito.
Apesar das lágrimas vertidas
Impostas aos olhos pela dor.
Nada se esvai tão rápida e
Diretamente que se possa dizer
Abstrato da concretude vivida.
Não É Fácil
Sinto como se ouvisse a chuva cair.
Lenta e fria chuva que molha meu mundo.
E o céu gris que hoje me abraça,
Me deixa pálido e sem fome.
Quero o sorriso que iluminava
Os meus dias ensolarados.
Faltam-me as cores das pequenas coisas
Que cintilavam sem me perceber.
Tenho saudade de um mundo
Que me fora por fraqueza de minhas
Pernas. Escapara-me pela condição
De minha torpe existência.
Sou menos hoje.
Sou menos algo.
Me falta.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Nosso Horizonte
Nós vivemos sob a hegemonia dos oportunistas. A esquerda revolucionária foi reduzida e desqualificada ao longo do tempo. Fragmentada em suas vanguardas e esfacelada em suas bases, perdeu e a cada dia perde mais fôlego nas lutas populares, que diferentemente da esquerda, somente crescem em demandas reais.
Hoje, no mundo pós-estalinismo, nos encontramos a recolher os restos de uma outra virtualidade. Uma realidade sem alternativas, prenunciada e tacitamente vitoriosa pelos reformadores mais proeminentes da penúltima grande crise do Capital.
Nesta nova e completamente incerta fase da luta dos trabalhadores, temos poucas, mas tenebrosas certezas sobre seus rumos e conseqüências, a curto e médio prazo. Bem como podemos traçar algumas possíveis causas para estar onde estamos.
Com o desmantelamento da União Soviética, se inaugura então um estado de aprofundamento total na descentralização do movimento revolucionário comunista. O que traz conseqüências drásticas, não somente para o movimento revolucionário em si e sua busca pelo fortalecimento unitário, mas tragicamente para suas bases ideológicas, leia-se: pensamento marxista.
Em termos quantitativos, o debate interno à esquerda e a produção marxista nos meios partidários e acadêmicos se encontram em constante e progressivo arrefecimento. Em termos qualitativos a realidade se mostra em níveis ainda mais tétricos. A produção marxista é pouco significante e produz efeitos ínfimos, quase nulos à dinâmica dos movimentos sociais. Mas o que ocorre de mais grave, a meu ver, é em relação aos debates em meios partidários, para a esquerda e para os movimentos sociais: não há um debate sério! O que temos não vai além de digressões e justificações a posicionamentos e embates táticos entre as centenas de siglas que se traduzem em centenas de correntes internas, correntes externas, organizações internacionais (de amigos de facebook), partidos, partidões e partidinhos que se reivindicam marxistas, se auto proclamam revolucionários, mas que não apontam, não se fundamentam, não realizam, nem têm como horizonte palpável uma estratégia de fato marxista e de fato revolucionária.
Parece-me que, tanto quanto os valores do homem contemporâneo, o sentido de ser um militante marxista perdeu-se em meio ao caos ideológico, mas bem organizado pelos ideólogos do capital. Como se não passássemos de um bando de baratas afugentadas, atordoadas e desesperadas pelo bom e velho DDT, que neste renovado e asséptico mundo parece fazer mais efeito. Nesse mundo da vitória da mediocridade, da glorificação da estupidez, da ditadura do pensamento único e aprisionado, nos curvamos às meras disputas por migalhas partidárias, às contagens miseráveis de garrafas, nas rixas apequenadas por espaços ridículos de poder. Estamos também medíocres.
Nunca foi problema a ditadura do pensamento único. Nunca nos ameaçou a glorificação da estupidez. A ideologia dominante sempre foi a ideologia da classe dominante! Mas o que ocorre hoje? Por que então sucumbimos enquanto vanguarda do movimento revolucionário?
Sem temer as simplificações: porque vivemos sob a hegemonia dos oportunistas! Porque o processo que nos torna medíocres é o mesmo que mantém a mediocridade. Quem tem olhos pra ver reconhece o alto grau de desleixo e negligência dessas centenas de organizações reivindicantes da tradição marxista, sejam morenistas, sejam trotskistas, sejam estalinistas, leninistas ou o que forem, em práticas primárias de recrutamento, formação política e relacionamento com os movimentos sociais e com as massas. Dessa forma há um nivelamento por baixo nas discussões, esvaziamento teórico do marxismo como fundamento filosófico e instrumental nas análises necessárias para a vanguarda e uma direção partidária interessada em ganhos imediatos e mesquinhos para seus interesses egoísticos, de força ou individuais. Mas principalmente, há assim uma militância construída e forjada nos pequenos manuais e panfletos, que se torna desprovida de preparo teórico e intelectual e, por conseguinte, é incapaz de intervir e pensar dialeticamente, se tornando quase acrítica aos seus dirigentes imediatos.
Como cegos guiando cegos, nos encontramos numa das maiores crises na qual o capital já imergiu. Para um espectador desavisado é como se a luta de classes já houvesse deixado de existir. Pois, apesar da emergência de movimentos populares de grande vulto no mundo, mas principalmente na América Latina com a Venezuela e Bolívia nos últimos anos, a idéia de revolução e ruptura com o capitalismo e mais especificamente de uma revolução marxista, desde suas primeiras linhas traçadas nunca se encontrou tão esquecida, ignorada, e por muitas das vezes no seio dos próprios reivindicantes.
Especificamente no Brasil, temos um cenário de cuja única piora seria o total aniquilamento e desaparecimento de qualquer vestígio de organização popular ou pensamento crítico na sociedade. Pois o pouco que restou da esquerda “de luta” se encontra descolada e enfraquecida diante dos movimentos sociais reais e apartada dos grandes sindicatos e da massa de trabalhadores, que são então, juntamente com a burguesia, a grande base de sustentação do governo traidor do Partido dos Trabalhadores. E é durante este mesmo governo que o país alcança o status de potência imperialista, derrubando e silenciando algumas das velhas e mofadas análises de conjuntura marxistas onde as bandeiras de “fora FMI!” e “Não à ALCA!” não mais e talvez nunca tivessem feito sentido. Conjuntura esta que, aliada a inabilidade, apatia, descompromisso, falta de preparo e oportunismo dos marxistas “verdadeiros”, nos preenche de desesperança a médio e de total desespero em curto prazo.
Porém, como humilde, mas dedicado marxista, sei que o motor da História pode até parecer por vezes claudicante e podemos até vislumbrar a chama revolucionária cada dia mais fria e cada vez mais longínqua, entretanto, enquanto houver a exploração e opressão de um homem sobre outro, enquanto o mundo for dividido em classes essencialmente divergentes em interesses, enquanto a democracia não for imperativa em todos os espaços de vida e produção, enquanto o início e o fim das ações humanas não for a própria humanidade, sei que ainda não se apagará.
Sei que somos poucos, somos pequenos, mas sei que conseguimos provar na prática que direcionar nossa ação dialeticamente e sempre ao lado da classe trabalhadora ainda é a melhor forma de se alcançar conquistas e fortalecer o movimento. Conseguimos provar também que é possível se obter bons resultados eleitorais sem se ter a disputa parlamentar com foco estratégico, mas utilizando este momento como espaço pedagógico e de diálogo com as massas, reconhecendo as demandas reais da luta de classes como centrais e tendo sempre em vista o horizonte revolucionário como única forma possível de libertação, manutenção e evolução da vida humana neste mundo. De tal forma, se torna impossível o esgotamento da crença numa realidade melhor. Como marxista, reconheço na História que momentos de ascensão, ao contrário do que nos parece hoje, também existem e que a revolução é sempre impossível até que se torne inevitável.
Bruno Dutra Leite.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Por quê?
Somos comunistas pois não há nada melhor a ser. Pois se houvesse, de certo seríamos.
Não somos comunistas por fetiche, pela bandeira vermelha, pela foiçe e martelo, ou pela Internacional. Somos comunistas porque sabemos que é o melhor caminho para a manutenção e evolução da vida humana.
Não somos comunistas pelo ódio ou por qualquer outro sentimento, que nos são naturais. Mas pela razão de sermos. Pela consciência.
Somos comunistas e reivindicamos a tradição secular do marxismo, pois não só cremos, mas racionalmente aprendemos com o estudo científico e pelo acúmulo de toda produção do conhecimento humano, que a filosofia dialética materialista histórica é, ainda, a melhor ferramenta racional para a compreensão da realidade concreta. Reivindicamos a História como única base sobre a qual o Homem se desenvolve, e reinvindicamos a sociedade como o único meio possível de sua existência, ser coletivo que é em essência. Acreditamos que essa mesma essência humana não pode ser facilmente definida, meramente com chavões e idéias retiradas do senso comum. Cremos que a essência humana, sobretudo, se costrói e se tranforma na prática, na realidade concreta das ações e intervenções no mundo.
Reinvindicamos o Homem como gênero universal em suas igualdades e diferenças. Acreditamos que toda ação humana se dá coletivamente. E adversamente à idéia dominante, cremos que as categorias indivíduo e coletivo são inseparáveis e se encontram em relação imbricada e necessária, pois, de igual forma que não há coletividade sem indivíduos, se torna também impossível um ser humano apartado dos outros.
Para além do conhecimento, ser comunista é sobretudo crer na tranformação. Crer que a realidade existe pra além daquilo que está diante dos olhos acostumados. Crer que há um conhecimento acortinado pelas ideologias dominantes e que este mesmo conhecimento, uma vez tomado, é chave para as ações tranformadoras.
Ser comunista é tentar ao máximo ser consciente. É viver pela maximização do uso da razão em suas ações. Ter em mente que todas as suas ações produzem consequências no mundo, reprodutoras ou produtoras de velhas ou novas práticas.
Temos o Homem como o verdadeiro centro da vida, objeto e objetivo, início e fim de toda ação e tranformação prática. Ao invés das idealizações alienates de deus ou do mercado.
Somos comunistas porque acreditamos no Homem e na sua capacidade de organização. Acreditamos na democracia como única forma legítima de organização coletiva. E sabemos que um mundo dividido em duas classes, com espaços demarcados e cercados pela figura jurídica da propriedade privada torna a democracia inviável em sua natureza pela exploração e expropriação de uma classe sobre a outra. Por isso somos contra e divisão da sociedade em classes, pois cremos que a a classe dos expropriados, dos explorados, a classe dos produtores, daqueles que com seu esforço e trabalho constróem a matéria do mundo, seja a única classe com legitimidade para existir, e para determinar seu próprio rumo histórico.
domingo, 29 de março de 2009
Conjuntura 2009
Por que hoje somos tão fracos?
Creio que vivemos um momento bastante peculiar da história. Mas que momento não o é?
Vivemos há poucos meses uma euforia de sentimentos capitalistas sem precedentes. Um momento em que o sistema aparentemente se mostrava sólido e nunca fizera tão bem ao mundo e até mesmo à humanidade. Mesmo onde a impossibilidade de um estado de pleno emprego, bem-estar a todos e do asseguramento de serviços públicos de qualidade não incomodava mais e nem mais entraria na pauta dos defensores e ideólogos do sistema, pois sua popularidade se mantinha intocada. Embora estivéssemos em um curto período a viver uma sensação apocalíptica em relação ao futuro do ecossistema e das demais conseqüências da produção material irracional, nos encontrávamos otimistas, pois o pior dos problemas se resolveria no campo das campanhas globais de caráter conservacionista e por leis e fiscalizações ambientais mais rígidas, assim desvinculando tais conseqüências da natureza irracional do modo de produção.
E então a Esquerda, cada dia mais enfraquecida e com o discurso menos difuso e mais disperso e abafado, neste cenário de vinte anos pós queda do muro e de “ondas” globais de prosperidade capitalista, em sua parte mais significante, se refugiou na repetição do discurso puramente ambientalista e sem a habilidade de integrá-lo à realidade da luta de classes. Pois ainda, a parte mais “realista” da Esquerda passou seu foco à disputa do apoio ideológico irrestrito ou da oposição feroz às novas experiências anti-imperialistas sul-americanas das empobrecidas Venezuela e Bolívia, enquanto outra parte da Esquerda passou a tomar como estratégico o debate e as denúncias sobre questões de violação de direitos humanos em países periféricos. Mais ainda aqueles que, mesmo oriundos da tradição marxista passaram a uma posição mais cômoda em longas alianças com setores burgueses, ora por conta de uma eleição ganha, ora por se cansarem do quase gueto onde a grande parte dos setores da Esquerda fazem morada. Esses hoje fazem parte de uma classe de organização que carrega todo simbolismo e reivindica a tradição de parte dos socialistas e comunistas de antigamente, mas integram a vala comum dos partidos do aparelho burguês a negociar benefícios individuais em relações promíscuas com o capital.
O que todas essas organizações, setores, partidos e demais componentes da Esquerda mundial têm em comum? O fato de terem progressivamente se afastado da questão principal e geradora de sua própria energia: a luta de classes. Ao se deslocarem e se distanciarem de sua própria natureza e “força motriz” da História, a Esquerda se tornou fraca, frágil e fragmentada por suas criações imaginárias e representações falsas de mundo e de classe. O que acarretou em fragmentação vinda da confusão de idéias em pontos de atrito criados pela Esquerda que se achou num mundo de falaciosos “pós tudo” e cobertas de medos de um possível “fim da História”.
Não saber ler a História. Foi esse o pecado mais grave. Foi ter esquecido os conselhos mais primevos de Marx e Engels no Manifesto. Foi ter realmente acreditado, após a queda do muro, que a reconstrução do socialismo como realidade era um sonho distante e quase impossível e que deveríamos esperar o momento revolucionário para assim então falarmos de revolução novamente, pois por enquanto, reafirmar o discurso do respeito à Constituição e aos “direitos humanos” e de apoio a políticas ambientais já era mais do que suficiente num mundo onde as maravilhas do telefone celular para todos agradava às classes trabalhadoras em estado de ascensão consumista.
Mal sabíamos e fomos pegos de surpresa pelo fato de que História não acabou. E de que Marx e Engels ainda estavam certos. E de que na verdade, esse momento de maravilha e prosperidade ocultava em suas entranhas a face verdadeira do sistema, a crise. E de que, através de artimanhas perspicazes se manteve por um bom período o capitalismo em expansão consumista, por meio de super crédito e super propaganda. Super consumo que por um período escondeu o estado patológico de superprodução.
O que hoje, neste mês de março do ano do calendário gregoriano de 2009, temos a vislumbrar é uma conjuntura em que a tradição da Esquerda é usada como tema para propaganda de automóveis e vira filme de Hollywood sem a menor fagulha de temor por parte do capital. Pois apesar de este estar num momento de profunda vulnerabilidade, a distância em que se encontra ideologicamente a frente da Esquerda é, sem mau uso do termo, humilhante.
Por que chegamos então a este estado de coisas?
Quando combinamos uma leitura equivocada da História, falsas táticas, fragmentação, que gera enfraquecimento, dispersão, sectarismo e mais enfraquecimento, aliados principalmente a uma visão não comprometida com o movimento propriamente revolucionário, temos uma classe despreparada e desarmada (em ambos os sentidos) para enfrentar uma crise clássica do capitalismo. Temos dirigentes autocentrados em suas imagens eleitorais e partidos desvinculados de sua base necessária. Temos sindicatos sem força ou controlados por pelegos aparelhadores e subservientes aos patrões. Mas sobretudo temos uma classe de trabalhadores ideologicamente manipulável e inconsciente de si, que portanto é incapaz de se proteger das drásticas conseqüências de uma crise sistêmica onde os de baixo são esmagadoramente mais fracos que os de cima.
Acreditar no que não se vê com os olhos cobertos e impregnados de ideologia, mas que é material, pois se pode mostrar pela razão. É a receita mais antiga de um método de pensamento revolucionário desenvolvido pela filosofia marxista e que, a meu ver, ainda é a máquina mais moderna de se enxergar a realidade. Essa é a única forma que conheço de se conquistar e tomar as rédeas da História e de nossos destinos. E mais do que nunca, é ela que pode nos conduzir de novo ao caminho da verdadeira e revolucionária liberdade.
Bruno Dutra Leite.
sábado, 14 de março de 2009
Nossa Hora
E a crise?
Perguntou o homem ocupado.
E todos falaram em línguas compreensíveis.
Mas sem resposta,
o homem seguiu ocupado.
E ocupado não fez nada.
E seguiu se ocupando do nada.
Hoje ele pergunta.
Ontem estava ocupado.
E amanhã estará livre.
Livre dos meios de produção.
Meios que os fazem homens ocupados
com sua liberdade.
Tão ocupados com sua liberdade
que não fazem
mais nada.
E seguem ocupados e livres.
Antirromantismo
E o amor que fogo foi e tanto ardeu,
já se foi fogo em brasas atrasadas
que outrora verdejante em vermelho
e hoje de cinza em baixas escalas.
A menina que tanto sonhara
e perdera a vida em longas noites
de românticos e nobres transes,
infeliz ao eterno fim que se fora.
Hoje se embebeda de real penar
que se pensa liberta da História
e chora sem orvalho em seu olhar
Quem sabe distante da glória
do passado que teima em distar
da vida das meninas de agora.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
C'est la vie
World is not made of cycleways.
The world is mean.
World is not made of well organized pavemented streets.
World is mud and sand,.
World was not made on a urban project desk.
World is chaos and violence.
The world is not Amsterdam,
The world is not a main street in Brussels,
the world is not made with the same concrete
that New York was.
World is Mexico City.
The world smells like Rio de Janeiro.
The world seems like Capetown.
The world is a step on the ground.
And it's not Carrara.
It's made on fire and blood.
We can't see it through big glass windows.
We can't walk without fear.
Our breath is full of dirty dust.
And we can't stay clean for a long.
Day hurts our skin,
And the cold of night makes our
loneness darker.
World is angry and madness,
and the peaceful people is a moment
of illusion.
Sweet and kind illusion.
Bruno Dutra Leite
O mundo não é feito de ciclovias.
O mundo é perverso.
O mundo não é feito de ruas pavimentadas e bem
organizadas.
O mundo é lama e areia.
Ele não foi feito na mesa de um planejador urbano.
Ele é caos e violência.
O mundo não é Amsterdã,
nem é a rua principal de Bruxelas.
O mundo não foi feito do mesmo concreto
que Nova Iorque.
O mundo é a Cidade do México.
Tem o cheiro do Rio de Janeiro e
a cara da Cidade do Cabo.
O mundo são pés no chão.
Que não é feito de mármore,
mas foi forjado em fogo e sangue.
Não se vê o mundo por janelas de vidro.
Nem se pode andar sem medo por ele.
Nossos pulmões são invadidos por fumaça
e poeira.
O dia vive a nos machucar a pele,
e a noite escurece em solidão.
O mundo é pura raiva e loucura.
E a paz entre os homens é um instante
de ilusão.
Doce e suave ilusão.
Bruno Dutra Leite.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Minha Natureza
que acaricia meu rosto nos dias calmos.
Você é como o ar sereno da madrugada
que enche meus passos de sonhos.
Você é dia e noite, sol e chuva.
Frio e calor numa só figura linda
e pela qual sou entregue e passivo.
Quero você como quero ao mar, como
quero às trilhas, como quero à vida.
Quero você livre.
Quero sonhar teus sonhos,
seguir teus caminhos, ser em
teus passos o que sou de mais verde e vivo.
Quero que sejas o que és e o que queiras
ser. Quero tua beleza perto de mim.
Livre, bela, e seguindo...
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Trecho de "Amor Lúdico"
"...Então te engano.
Te minto e te iludo,
quando não te beijo ao
olhar em teus lábios,
quando não te juro amor eterno e irrestrito
em nossos breves diálogos,
quando finjo que é mais uma
em meu caminho hodierno..."
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Verde e Lindo
Segurar é mais que sentir em mãos.
É ser em mãos o que se é de leve.
E a leveza que por hora havia em
Desencontro, no escuro.
Por agora vejo, meio assim
De relance.
Só o luzir da peça etérea
Me guia a si mesma.
E por pura vontade
De me ser o que outrora fora
Verde e lindo e que por agora
Já não me aquece os olhos,
Busco.
E buscar já é o início de um
Começo melhor.
De uma beleza mais bonita.
De estar de novo
Solitariamente
Em paz.
Meus Signos
Escrever é abraçar-me a mim mesmo.
Como se as letras e as palavras e as
Frases acolhessem acalentadoramente
A abstração do eu.
Como se eu sentisse mais aconchegado
Em meio abstrato e subjetivo
Dos símbolos e signos traçados a tinta
E celulose.
Como se o sentido tomasse forma
Por alguns instantes. Por poucos, mas
Preciosos instantes no espelhar do
Papel pintado. (Mesmo que não exista papel
Nem tinta na tela de um PC. Pois a própria tinta
E o próprio papel se tornam imagens de uma
Tinta e um papel que temos como objetos
Abstratos imaginários em
nossas falhas mentes.)
Vê ele mesmo solidificado.
Concreto, mesmo ainda não seco.
E assim reconhecer-se a
Sua própria existência.
A Flor da Vida
A forma do mundo
É o mundo que se apresenta.
O mundo belo e vivo que pulsa e sorri
Se esfarela por entre os
Dedos dos meus olhos.
Na aridez de meu estômago
Que reluta em aceitá-lo,
Só enxergo o deserto da
Matéria que me abraça
Como quem agoniza e suplica
Pelo que outrora fora verde
E pulsava com vivacidade
Uma outra realidade mais
Brilhante e palatável do
Que o fel que estou obrigado
A digerir.
A realidade é inóspita
É como ter nascido sem pai.
É ser sem existência.
É ter unicamente o
Aleatório como propósito.
Viver passa a ser unicamente
Um infortúnio orgânico
E Deus uma sombra sem formato.
Sentir e pensar se confundem
Pela dormência da pele.
Só a sede me traz saudade,
De crer nas velhas histórias,
Do sorriso que não vejo.
Do mundo em que nasci.
Mas não se volta.
Estou cansado da morte,
Do mundo morte, dessa aridez.
De toda essa areia que me cerca
E da qual não vejo fim.
Quero plantar no aqui, meu
Novo mundo, meu novo Deus,
Minhas novas flores.
Quero a tese da Vida.
Peito Orgânico
Comunista é aquele que apara as pontas
Do mundo em seu peito desnudo.
Eu sou comunista
E o mundo é aço afiado.
Eu sou orgânico
E o mundo é aço afiado.
Eu sinto dor
E o mundo é aço afiado.
Por isso a hesitação no mergulho
É tão real quanto a natureza
Do mundo.
Mundo da idéia do aço,
Da idéia da dor.
Que me dói por enquanto,
Enquanto o mundo não me for.
sábado, 22 de dezembro de 2007
Noite de Sol
Hoje, só a revolução me abre os olhos.
Como se estivesse entorpecido pela sobriedade
Que a liberdade me traz.
Sinto-me solto pela idéia da não idéia.
Pela imagem da raiz ideal.
E ela é linda como a propriedade da
Água de fluir.
Linda como o momento de encher meus
Pulmões de ar.
De ser sereno na noite linda
Da revolução a cair e impregnar
As cabeças e os espíritos
Dos homens e mulheres serenos.
O pensamento nela me aparta de
Todos os outros.
Me liberta do resto das idealizações.
Faz em si mesma a idéia maior,
Mais linda e pela qual eu
Vivo morro todos os dias.
Pela qual sou mais livre,
Sou mais humano e mais material.
Pela qual revoluciono,
E me apaixono todos os dias.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Viver é Melhor que Sonhar
Sou salvo a cada dia, pela incerteza.
Que me livra da dor de cada dia.
Me torna um sofredor sem profissão.
Sou salvo por este dia de não saberes
Dolorosos.
Mais que saber, a fome me mata de dor.
A tristeza me mata de dor.
A penúria me mata de dor.
Mas sem morrer da morte inglória
Dos que rejeitam a dor deste dia.
E sou salvo pelo dia,
Que acende flamejante em minhas noites mal-dormidas.
Em andorinhas a queimar o ar que respiro.
E como respiro mal, meu Deus!
Mal este mundo me adentra os pulmões,
Me saem os espíritos da morte que
Minh´alma rejeita em repulsa
Da incerteza que me salva.
Graças ao bom deus não morro.
Deus que odeio de morte.
Deus que quero morto! Que desejo subsumido,
Consumido pela terra que me fez.
Terra que me salva.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Síntese da Vida
Sou a contradição de mim mesmo.
Contradigo e digo que contradigo.
Sou revolucionário de papel,
Sem saber o papel de revolucionário.
Sou burguês e proletário num só
Corpo orgânico e mortal.
E como tal me mato aos poucos,
Pois nego o que me faz, o que me
Constitui. A relação que me forja
Todos os dias, eu quebro e me derreto.
Me mato todos os dias. Pois se matar
É viver. É ser livre para ser livre.
E ser livre para morrer.
E morrer é a contradição fundamental da vida.
Que só o é pela morte que carrega.
E se matar é estar cada vez mais vivo,
E cada vez mais livre de morrer.
Se matar é viver.
E revolucionar é morrer. E só morre
O que nos faz melhores, o que nos faz mais livres.
O que nos faz mais vivos.
Então matar é revolucionar a própria vida.
É expor sua contradição. É contradizer a ordem
Que nos prende, que nos mata.
Por isso deus é morto. Porque nunca viveu
A vida dos homens que vivem a morte dos homens.
Por isso minha moral é a revolução de si mesma.
É o seu processo de morte e vida, vida e morte.
Por isso meu Deus é a Liberdade e minha fé
É na História, nos meu irmãos que morrem
Pra viver. E vivem pra ser livres.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Realidade De Um Rio
Revolução (na Ciência) Social
O movimento estudantil passa hoje por um momento de crise evidente e se faz presente inevitavelmente uma profunda reflexão e reavaliação de si mesmo e de seus rumos nesta conjuntura. O que vemos e vivemos em nosso cotidiano universitário imponentemente nos chama ao questionamento.
Aprendemos por repetição neste mundo de pós-modernismos “inevitáveis” e “intransponíveis”, que vivemos num mundo sob um paradigma aparadigmático de não verdades falsas, de não saberes sábios, da negação da negação. Nos adestramos a reconhecer o passado como um museu de animais empalhados e mortos que faz do hoje um mundo onde a realidade é uma alface hidropônica e transgênica que não precisa de terra pra crescer. Nos criamos numa realidade órfã de nós mesmos. Onde somos cada vez mais agentes passivos de uma ordem que já saiu de moda ser questionada. Onde cada vez menos ou nem nos reconhecemos como agentes da realidade, da transformação, pois se tornou antigo e mofado pensar em mudar o mundo, em nos livrar do que nos atrapalha, do que nos causa penúria sem causa.
Parece que a abstração nos engoliu. Parece que a verdade travestida de secularismo do mercado, a verdade absoluta que deslegitima tudo que a nega, se fez maior que as nossas possibilidades de nos libertarmos. Mas igualmente à própria verdade do mercado, isso só parece. Mas como parecença não é essência, a possibilidade está à mão de quem a busca. Como os monstros da caverna de Platão, o mercado, por mais que pareça, não é maior que nós, não maior que nós enquanto nos pensarmos coletivamente, enquanto nos pensarmos como de fato somos, pois somos zoompolitikom, somos animais sociais, seres coletivos e assim que agimos mesmo neste mundo do mercado. Por mais que não pereça, que pareça o oposto, o que de fato somos e como de fato agimos é dentro para e com a coletividade, com a sociedade.
Por isso a realidade, e como ela se mostra pra nós hoje, faz evidente a importância do nosso papel de agentes pensantes e críticos, por mais que seja difícil e por mais que pareçamos nadar contra a maré. Por mais que o mercado nos rechace e nos coloque uns contra os outros, é premente neste momento, é fundamental nesta conjuntura que exerçamos agora nosso vital papel de militantes (por mais que esta palavra seja antiga, seu significado é sempre eterno) militantes do mundo, do nosso espaço e da nossa realidade. Mas isso só será possível coletivamente, só será possível enquanto ação política na prática, ação coletivizante, ação coletiva.
O que vivemos hoje na instância principal de mobilização coletiva dos futuros cientistas sociais pensadores críticos produtores de conhecimento da sociedade pra sociedade e pela sociedade da Universidade Federal Fluminense precisa de uma transformação, de uma revolução, de uma quebra de paradigmas dogmáticos de negação da negação niilista e aristocrática, para uma forma dinâmica e orgânica que atenda a coletividade e seja uma instância que nos sirva de arma contra as imposições e arbitrariedades do mercado transfigurado e materializado nas ações do governo e reitoria. Que nos torne mais vivos enquanto organismo social, mais mobilizados e mobilizantes, com menos medo das sombras nas paredes da caverna e mais corajosos em saber o real tamanho desse monstro abstrato.
E a nossa participação tem mostrado que é neste caminho que queremos continuar. No caminho da vital necessidade de transformar, de participar, de mobilizar cada vez mais nosso mundo acadêmico motivado principalmente por essa conjuntura de ataques violentos por parte do governo/reitoria ao ensino público e à nossa Universidade em especial. E nossa realidade hoje no Diretório Acadêmico é a de um estado em evidente trilha de mudanças e impassível de se voltar ao estado anterior ao da assembléia do dia 25 passado. Por isso estamos num momento de transformações profundas, que a mim são análogas às de um momento revolucionário. Cabe a nós enquanto coletividade dos estudantes de Ciências Sociais optarmos por apenas reformas estatutárias, que somente irão beneficiar os acomodados acomodantes do DA niilista e aristocrático que não nos representa, ou escolhermos aprofundar e radicalizar a ruptura com o status quo passando por cima do burocratismo estatutário e fazendo um Diretório Acadêmico mais representativo e atuante do jeito que queremos.
O modelo atual de auto-gestão não representa um mal em si, e teve sua importância histórica num dado momento. Mas hoje, passada a experiência, temos e devemos continuar o processo de aperfeiçoamento do sistema. Pois o sistema, qualquer que seja, não funciona enquanto modelo abstrato, modelo de dever ser, que culpa os indivíduos por seu mau funcionamento. Mas todo sistema deve ser subjugado à dinâmica da práxis, à dinâmica do mundo real. É nosso direito e dever legítimos transformar e retransformar, derrubar, levantar, revolucionar qualquer sistema de diretrizes e leis que organizem nossas vidas, e qualquer forma de negar ou tentativa de barrar esse movimento natural é a clara amostra de resistência do espírito reacionário, conservador e contra-revolucionário que se agarra às formas antigas que de alguma maneira lhe dão algum tipo de sustento. Por isso é mais do que legítimo e necessário a nossa intervenção na realidade, e principalmente a realidade do movimento estudantil no qual estamos imersos. E a partir da reflexão e ação, poderemos pôr em prática o ato mais revolucionário, o de sermos o que de fato nós somos: senhores e senhoras de nossa própria história.
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Poesia (Anti-Abstrata) da Matéria
"Desenvolver ao máximo a sensibilidade até sentir-se angustiado quando se assassina uma pessoa em qualquer lugar do mundo e para sentir-se entusiasmado, quando em algum lugar do mundo, se alça uma nova bandeira de liberdade." Che Guevara
Poeta da Práxis
A diferença entre um fascista e um comunista é a poesia.
O comunista é antes de tudo um poeta. Um poeta da práxis. Poeta das coisas vivas e pulsantes, poeta da energia de que somos feitos e que nos move, que transforma, revoluciona. Poeta da terra, da vida real, do mundo real dos homens reais, das mulheres e das criancinhas. Poeta de si mesmo em oposição à poesia das abstrações imaginárias que flutuam sem sustento. Que se sustentam pelo sopro das falácias que insistimos em nomear, em dar sentido. Pelo medo das sombras na parede.
O comunista é poeta de poesia tácita que escreve a poética do impulso radical da vida com suas mãos e braços no mundo que revoluciona. Escreve com o silêncio de suas ações, com a placidez de seus brados o poema maior, que abstração nenhuma dá conta de contar.
O comunista marca, à caneta ou não, na terra em que bem anda com seus irmãos, a matéria que exala de seus poros, a matéria bela que bem sustenta seus belos pés, a matéria que os alimenta e da qual é feito e pela qual a cada passo revoluciona.
O fascista chora vendo bambi e anda com medo pelas ruas.
sexta-feira, 1 de junho de 2007
Humanidade Universal
Diferenças não existem.
É tudo uma construção histórica que se desmancha no ar.
Não podemos nos dividir mais que já nos estamos dividindo. O conceito de raça já se desfez no ar das ciências biológicas. Já não passa de mofo persistente em alguns artigos científicos, mas nada mais além.
O foco da grande questão está nessa necessidade por identidade. Principalmente pela identidade de quem foi e é historicamente excluído. A quem se expropriou o mínimo direito da não vergonha pelo que se é, o direito à auto-estima, e principalmente o direito à propriedade de si.
Entendo, apóio e estou certo da legitimidade da luta pelo fim das desigualdades, pelo fim da subserviência, pela liberdade de ser o que se verdadeiramente é. Contudo. Me preocupo. Pois a falta de identidade gerada pela doença social, nos leva a não saber ou desconhecer o que profundamente nós somos. Entendo o quanto um negro demorou a não ter vergonha de si, o quanto dispendioso foi e árdua a luta interna pela afirmação de sua não inferioridade, diariamente afirmada pelo monstro superegóico das castas sociais. O quanto se sentia feio e diferente. O quanto sempre quis ter nascido branco. O quanto demorou a querer ser negro. Entendo e sinto junto.
Entendendo o peso ideológico de anos-séculos de hierarquização racial. Podemos entender também o movimento negro de políticas afirmativas, que têm uma origem na política de auto-afirmação de cada indivíduo que a compõe. Entendo profundamente e por isso temo. Pois também entendo um outro movimento histórico de afirmação de raça, de também auto-afirmação individual, que tem origens sentimentais parecidas, mas bem menos cruéis como no caso negro. Não estou querendo comparar o movimento negro ao nazismo, mas à metodologia de análise social que em ambos os casos é parecida. Ambos se afirmam enquanto raça, ambos estabelecem a diferenciação humana pelo conceito de raça. Ambos almejam um despontar social baseados numa divisão de grupos humanos pela idéia de identidade de raça. Conceito este que estava legitimado pelas ciências biológicas do início do século XX, mas que hoje já não passa de entulho cultural.
O preconceito e discriminação existem e são marcas profundas de nossa sociedade. Mas são práticas sociais que se baseiam na hierquização de raças. São pressupostos ideológicos falsos. Igualmente ao conceito de raças, que não se sustenta sozinho. Não existe raça para quem não acredita. Existe gênero, mesmo àqueles que não acreditam. Existe velhice mesmo àqueles que não acreditam. Existe classe social mesmo àqueles que não acreditam. Mas não existe raça senão enquanto afirmação cultural. Ou seja, raça é um pressuposto histórico que se não se sustenta na realidade, só se baseia na idéia.
O que eu vejo é mais que uma luta por igualdade – que não irá além se não olharmos a raiz da mesma – é uma luta por uma afirmação da idéia e não da práxis, ou não da práxis baseada numa idéia verdadeira, que se confirme no mundo real. O problema é a tomada deste conceito ideológico social que sempre teve um caráter dominatório, como parte da realidade, o que não o é. Só a idéia existe, e ela cria práxis. Mas é uma idéia falsa. Não podemos nos dividir enquanto brancos e negros ou amarelos, verdes laranjas. É tudo construção cultural, vinda de uma cultura ruída e pútrida de nossos pais, que temos o poder de transformar, de pôr abaixo. Que só transformando e destruindo poderemos ser iguais. Enquanto iguais que realmente somos. Enquanto humanidade igual.
Se existem menos negros que brancos em universidades, empregos qualificados, restaurantes bonitos, clubes e resorts, e realmente existem menos, bem menos, não se deve a um impedimento de raça, mas sim à forma estrutural e estruturante da sociedade. Se deve ao fato de existirem mais negros pobres e mais brancos ricos, mas não são pobres por serem negros nem são ricos por serem brancos. Se deve à origem histórica da desigualdade. Se deve à origem escrava da população negra e a origem mais abastada da população branca, se deve ao fato de que nosso sistema social é feito para que os ricos sejam cada vez mais ricos e os pobres continuem pobres e se possível se tornem cada vez mais pobres. E o fato de associarmos o negro ao pobre, ao marginalizado, desescolarizado e excluído não é um erro, é um efeito ideológico de estereotipização. É aí a origem do preconceito e da descriminação. O medo do bandido favelado que na maioria das vezes é negro, nos faz estereotipar as pessoas, colocá-las em pacotes e defini-las pela aparência. É justamente aí a origem de todo o erro, nos definir pela aparência. Pelo que a cultura nos diz que somos e não pelo que realmente somos, não pelo aspecto humano universal que realmente nos determina, mas por divisões advindas de um erro histórico. O preconceito racial mascara a raiz que é a exclusão social.
Ser branco ou ser negro realmente não importa se queremos lutar pelo fim da desigualdade. O que importa é achar a raiz do problema, e ela é social. Como podemos ter uma sociedade sem privilégios de classe, sem preconceitos raciais ou sociais? É afirmando o que somos! E somos iguais! E só seremos iguais na prática se tivermos as mesmas condições matérias. Se não mais existirem ricos ou pobres, distinções de classe que nos dividem de fato, no muno real do capitalismo, e nos confundem com divisões imaginárias. E só a igualdade prática gera igualdade prática. Só a igualdade sólida que é a nossa humanidade não se desmancha no ar.
sexta-feira, 11 de maio de 2007
Papa Pós-Moderno
Acho oportuno o momento para expressar minha opinião sobre o aborto. Já que, se para alguns é impossível a vinda de deus ao Brasil, para uma boa parte da população mundial, ele mandou seu mais legítimo representante às nossas terras essa semana. E é inegável a importância daquilo que sai de sua boca papal, creio eu, não só para os adeptos mais praticantes do catolicismo, mas também ao resto da nossa civilização. Digo isso, pois sei o quanto nos esforçamos para derrotar a cada dia o demônio dos medos e das culpas infernais que já há séculos fizeram e ainda fazem morada nas nossas profundezas inconscientes.
O sujeito Ratzinger, traz consigo uma mente brilhante e um pesado sistema filosófico herdado de São Tomás de Aquino. Pesado e Medieval. Seu objetivo, devo admitir, é tão anacrônico para mim quanto para a ideologia dominante, porém por razões distintas. O papa quer cordeiros obedientes para seu decrescente rebanho, já o mercado quer “expandir negócios”, nem que seja às custas da introdução e reprodução de novos e antigos valores que reafirmem ou pelo menos não neguem a ideologia mercadológica. A diferença está na crença do papa de que isto seja a “relativização dos verdadeiros valores”, dos “valores cristãos”. Analiso essa situação da seguinte forma: O papa não quer que a igreja faça concessões ao mercado e por outro lado, como a religião sempre fez historicamente, faz menos concessões ainda à liberdade dos homens.
De um lado reafirma as verdades postas cheias de pecado e medos infernais do cristianismo tomista e por outro tenta isolar o catolicismo do ideal pós-moderno, onde tudo é mercantil e tudo é mercantilizável. O que sua cabeça cheia de razões legitimadoras de medos não vê com clareza é que não existe relativização de nada. O que existe é uma verdade absoluta velada na própria relação entre o capitalismo e seus meios de se adaptar às suas crises cíclicas. Em outras palavras, o mercado precisa se expandir senão entrará em colapso. E os meios de se expandir e se adaptar para sobreviver levaram o sistema a flexibilizar valores antes rígidos ou mais rígidos. Bons exemplos para ilustrar a idéia são: a aceitação social cada vez maior do divórcio, do sexo antes do casamento e até da homossexualidade. Vejo isso com bons olhos. São necessidades e condições humanas legítimas que apesar de contrariarem as convicções religiosas ocidentais conservadoras, tiveram de ser abarcadas por uma necessidade de mercado. Mostrando assim a fragilidade do sistema capitalista, e um pouco da vitória dos liberais sobre os mofados conservadores nazistas. E o papa aparece, a meu ver, como um ponto de resistência dessa nazistada.
E bons sabedores de história que somos, sabemos que liberais sozinhos já tropeçam nos próprios cadarços que acreditam não existir.
Bem, eu queria falar sobre o aborto. Sou contra abortar, mas sou a favor da legalização. É simples, primeiro que proibir é marginalizar, é distanciar socialmente as pessoas que cometem o aborto sem que possamos, enquanto sociedade, acolher e conhecer melhor suas razões, segundo, ao contrário do papa, acredito nas pessoas e sei que se criarmos condições para que ninguém tenha ao menos um argumento para abortar, não haverá aborto e, por conseguinte, tão pouco um único argumento que legitime a necessidade da proibição.
Me encontro bastante otimista, apesar de saber que ainda há muita força no medo e na culpa apregoadas em nossas mentes juvenis.
segunda-feira, 7 de maio de 2007
A Nau dos Loucos
domingo, 29 de abril de 2007
Filhos do Mundo, Uni-vos!
Não quero mais viver sob o jugo de meu pai.
Não quero mais a dependência atrofiante dos olhos atentos e incansáveis das leis de meu pai.
Não quero mais nascer nos limites cercados e arbitrários das linhas imaginárias marcadas por meu pai.
Não quero mais ser filho de meu pai.
Não quero mais meu pai.
Não quero mais ser meu pai.
Não quero mais saber de meu pai em minha vida. Meu pai em minhas frases. Meu pai em meus sonhos.
Vou sair da casa de meu pai e morar sozinho com meus irmãos solitários, onde minha casa será meu mundo, e meu mundo será meu. E só meu.
Onde Pátrio, Pátria, Patrão, Patrimônio, Paterno, petrificados em pútridas partes permear nossas vidas, libertar-nos-emos em nossas imagens de inconsciente servidão. De invisível certeza da aridez das falsas abstrações paternalistas.
Irmãos, assim como nascemos. Sem Pátrias! Sem fronteiras. Sem nações. Sem línguas ou culturas. Sem cores ou formatos de narizes. Sem religiões e seitas.
Sem certezas.
Só Nós.
Eu e Vocês.
E pai. Seja só pai. E menos deus.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
Minha Cachaça
Carl Gustav Jung
terça-feira, 13 de março de 2007
Será???
segunda-feira, 5 de março de 2007
O Céu É Anarquista [ Parte I ]
- Somos uma banda punk!! Gosto de dizer que somos anarco-punks... movidos pela atitude contra o sistema!
Logo após Tiago dizer isso de uma maneira orgulhosa e até mesmo arrogante, como se desdenhasse dos outros na mesa, Cláudio deixa escapar um sorriso sarcástico, notadamente expresso pelo que foi dito pelo amigo. Aline, que havia se constrangido um pouco pela atitude de Tiago, diz:
- Cláudio, correndo o risco de me passar por ridícula pela ignorância, gostaria de lhe perguntar uma coisa: o que é um anarco-punk?
Cláudio é o mais velho dos quatro e mesmo assim graduou-se em História recentemente.
Orgulhoso, Cláudio responde a Aline em tom de professor:
- Se bem me lembro, você é católica, não?
- Sim. Embora não seja praticante, freqüentei a Igreja até os meus treze anos com minha mãe, responde Aline.
- Então penso que pode responder facilmente essa pergunta: Aline... como você imagina ser o céu?